Havia tempo que ele sabia. E ela, mesmo sabendo que o marido já tinha um conhecimento discreto e calado das safadezas que ela andava aprontando no horário em que ele estava trabalhando, procurava manter a estável aparência de esposa comportada.
Ele chegou no horário de sempre, sentou-se na poltrona em frente à ela, e fez a pergunta de praxe:
- Como foi a tarde, querida?
- Hum. Normal. Não fiz nada demais, somente lí, a tarde inteira!
- Ah, é mesmo, querida? - Olhando atentamente para ela, e para o carpete da sala.
Levantou-se, foi caminhando até o centro da sala, abaixou-se, e juntou um pedaço de embalagem de camisinha que estava por ali, perdido. Pôs no bolso, discretamente.
- Tudo bem, querido? - perguntou ela, com ar meio preocupado.
-Sim, tudo ótimo. Achei uma moeda caída, apenas.
E foi dirigindo-se ao quarto, para descansar. Teve um dia duro, e sabia que ela provavelmente não iria querer sexo hoje. Quem sabe amanhã, não é mesmo?